O Datafolha pós-prisão de Lula

Saiu a tão aguardada pesquisa de intenção de voto, depois da prisão do ex-presidente Lula no último sábado (7). Como o blog já havia antecipado, a estratégia de contenção de danos do líder petista foi importante para conter os danos imediatos. Porém, a estratégia deve mudar daqui em diante, caso Lula e o PT desejem lograr êxito na eleição. Na pesquisa anterior, de janeiro, Lula marcava de 34% a 37% dependendo do cenário, no voto estimulado. Agora marca 30% ou 31%. Queda também registrada no voto espontâneo, com Lula sendo citado por 13%, ante 17% do levantamento de janeiro.

A queda de Lula se explica pela inversão na fatia do eleitorado que vê o ex-presidente fora das eleições de outubro. Em janeiro, 53% acreditavam que Lula disputaria a eleição. Agora, 62% creem que Lula estará fora da corrida presidencial. Sensação que deverá aumentar e se cristalizar à medida em que Lula continuar preso em Curitiba. Aliás, ao contrário do slogan petista, o povo não quer Lula livre. 52% dos entrevistados consideram a prisão de Lula justa, contra 40% que não a apoiam. Aqui cabe uma comparação e complementação com outra pesquisa do final de semana, a Ipsos/Estadão. Na mesmo quesito, o resultado aponta ligeira vantagem para os que veem a prisão de Lula como justa: 50% a 46%. Porém, esmagadores 69% acreditam que Lula participou dos esquemas investigados pela Lava Jato e 57% o consideram culpado. A porcentagem grande de entrevistados que considera a prisão injusta provavelmente pense assim, porque outros políticos encrencados continuam soltos, visto que 55% concordam que Lula é perseguido pela Lava Jato e outros 52% acham que a Lava Jato não investiga todos os políticos.

Ou seja, parte da narrativa lulista deu certo: Lula é perseguido político e a Lava Jato só pega o PT, muito em função da demora de julgamentos pelo STF, como já apontado em texto anterior e decisões estapafúrdias, como a que mandou o inquérito de Alckmin, agora sem foro privilegiado, para a Justiça Eleitoral. Porém, a maior parte da população não considera Lula inocente e não vê sua prisão como injusta. A divisão é expressa pelo Datafolha, quando a pergunta é se o ex-presidente deveria ser impedido de se candidatar: 50% dizem que sim, 48% dizem que não. Desta forma, fica nítido que o brasileiro tolera a corrupção, desde que o político lhe traga melhorias de vida, como é a lembrança geral do governo Lula, entre 2003 e 2010.

Ao invés de levar a candidatura até o fim do prazo de impugnação, como prometem, PT e Lula deveriam definir um deadline, podendo ser uma data ou percentual de intenção de votos em pequisas, no qual se Lula ainda estiver preso, abra mão da candidatura e indique um substituto. O Datafolha aponta Lula como o grande cabo-eleitoral do país, embora suas condições de eleger um poste sejam bem piores que em 2010. Em março daquele ano, segundo o mesmo Datafolha, 40% dos entrevistados iriam votar com certeza no indicado de Lula, outros 27% talvez poderiam votar e apenas 23% não votariam de jeito nenhum. Agora, 30% dizem votar com certeza no ungido lulista, enquanto 16% talvez o fizessem e 52% não votariam de jeito nenhum. Ainda que respeitável, o potencial de votos do candidato lulista é bem menor (46% agora, contra 67% em 2010). Além disso, o pupilo de Lula não contará com seu padrinho para acompanhá-lo em viagens pelo país, tampouco terá uma ampla coligação de partidos ao seu redor, ao contrário de Dilma Rousseff em 2010.

O blog insiste na análise de que o nome ideal para Lula apoiar é o do ex-ministro Ciro Gomes (PDT). A bênção de Lula, em uma aliança com o PT, pode ser o empurrão na candidatura do pedetista rumo ao segundo turno. Gomes, ao contrário de Haddad e Wagner, já é mais conhecido nacionalmente e chega a pontuar 9% em cenários nos quais o ex-presidente está fora. Ele herda 15% dos eleitores que externam preferência por Lula. Restando pouco tempo para uma campanha curta e sem os mesmos recursos financeiros de anteriormente, seria mais prudente apostar as fichas num político tarimbado e conhecido, do que precisar construir uma candidatura do zero.

Por enquanto, a maior beneficiada pela ausência de Lula é a ex-ministra Marina Silva (REDE). Ela herda 20% dos votos lulistas e fica em segundo lugar nas simulações, com 15% dos votos, atrás de Jair Bolsonaro (PSL). Ela mostra bastante competitividade, principalmente em cenários de segundo turno, quando venceria tanto Bolsonaro (44% a 31%) quanto Alckmin (44% a 27%). Sozinha, parece ser complicado para a ex-ministra ampliar ou manter esse patamar por muito tempo, dado que a REDE possui pouquíssimo tempo de TV e dispõe de diminuta fatia do fundo partidário e eleitoral, além de Marina, disputando sua terceira eleição, ter perdido o efeito-surpresa, deixando de ser uma cara nova no cenário político. Porém, há uma oportunidade de formação de uma chapa, com potencial para incomodar e chegar ao segundo turno da eleição: uma composição com o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa (PSB). Recém-filiado aos PSB, Barbosa pontua de 8% a 10% nos cenários pesquisados. Trata-se de um patamar bastante respeitável, para alguém que nunca disputou eleições, nem dispõe de padrinhos apoiando-o. Joaquim e Marina são negros, de origem humilde e não possuem envolvimento com corrupção. Barbosa, mais do que isso, é um símbolo do combate à corrupção, por causa da atuação destacada no julgamento do Mensalão do PT. Ambos, juntos ou separados, serão alvos de ataques, tanto À esquerda como à direita. Marina será cobrada pelo apoio dado a Aécio no segundo turno em 2014, e pela equipe de cunho liberal que escreve seu programa econômico, e também pela antiga filiação ao PT. Já Barbosa, continuará sendo alvo da ira petista pela condenação de dirigentes importantes do partido, como o ex-ministro José Dirceu, como também será cobrado por ter sido contra o impeachment de Dilma Rousseff e ter se declarado eleitor de Lula e Dilma. Sozinhos, os votos estarão divididos e a resistência aos ataques mais complicada, já uma candidatura em conjunto poderia representar um potencial desaguadouro de votos de eleitores descontentes com o sistema político.

Nesse ponto, segue estável o patamar das intenções de voto em Jair Bolsonaro (PSL). O ex-capitão do exército tem 11% de intenção de votos espontâneas e marca entre 15% e 17% nos cenários estimulados, liderando a corrida quando o ex-presidente Lula não aparece como candidato. Ao que tudo indica, esse piso eleitoral constitui uma base social coesa, que não irá abandonar a candidatura do deputado fluminense. São as pessoas que promovem grandes recepções  em aeroportos das cidades brasileiras e que fazem sua defesa diária nas redes sociais. Para ultrapassar esse patamar, Bolsonaro agora ganhou a rivalidade de Joaquim Barbosa, que também se apresenta como outsider, por isso o ex-ministro do Supremo deverá se tornar alvo da militância bolsonarista, se não do próprio Jair nos próximos meses, por razões já explicitadas. Ainda assim, o ex-militar mostra muita resiliência, frente às denúncias e críticas que recebe, e tem força social para chegar ao segundo turno.

Passado a análise dos grandes concorrentes, o blog agora analisa as candidaturas do volume morto da eleição. Não estamos falando dos candidatos João Amoedo (NOVO), Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávila (PC do B), tampouco de Fernando Collor (PTC), Paulo Rabello Castro (PSC)  e Afif Domingos (PSD). À exceção de Boulos e Amoedo, que são de partidos mais ideológicos e pequenos, os demais deverão se unir a outras candidaturas no até o prazo final de registro das candidaturas. Até mesmo o ex-CEO da Riachuelo, Flavio Rocha (PRB), pode ser limado do processo eleitoral, para que seu partido negocie espaço na chapa ou futuro governo de outro presidenciável.

Porém, o foco da análise são as candidaturas ligadas ao governo Temer(MDB): o próprio presidente, o ex-ministro Henrique Meirelles (MDB), o Presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM) e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). De início, a pesquisa indica que esmagadores 86% não votariam em um candidato apoiado por Temer. Se o dado não for suficiente para o atual mandatário desistir da candidatura, ele precisa ser retirado com uma camisa de força do Palácio do Planalto. Meirelles, Maia e Temer não ultrapassam os 2% nos cenários estimulados. E a perspectiva é péssima, com os dados da recuperação econômica e geração de empregos bastante vacilantes, colocando em xeque as projeções de crescimento. Mesmo com a força parlamentar e os recursos do fundo partidário, será complicado fazer decolar este paquiderme.

Não menos ligado ao governo, está o tucano Geraldo Alckmin. Mesmo blindado da Operação Lava Jato, o ex-governador paulista pontua de 6% a 8% em cenários pesquisados pelo instituto. Além da âncora Temer, sua candidatura é prejudicada pelo mau desempenho em São Paulo, antes fortaleza intransponível de votos tucanos. Alckmin deixou o governo do estado com apenas 36% de ótimo e bom. Pontua 16% das preferências no estado, empatado com Jair Bolsonaro e um pouco à frente de Marina Silva (13%) e Joaquim Barbosa (11%). Um caminho para Alckmin melhorar sua posição um pouco é buscar uma composição com Alvaro Dias (PODEMOS). O ex-tucano pontua 5% nos cenários, conquistando votos importantes na região Sul do país. Além das rejeições, Alckmin ainda viu a base que votava automaticamente no PSDB, por falta de opções, deslocar-se para Bolsonaro. Geraldo Alckmin caminha a passos largos para ser o grande fiasco das eleições, assemelhando-se ao desempenho de Ulysses Guimarães, em 1989, frustrando as expectativas sonhadoras do mercado financeiro.

A cada fato e pesquisa publicada, a análise feita em fevereiro pelo blog é reforçada. Sem Lula na corrida eleitoral, Bolsonaro e Ciro Gomes despontam como principais apostas para disputarem o segundo turno das eleições. Agora, porém, isso pode se alterar caso uma composição entre Marina Silva e Joaquim Barbosa ganhe forma nos próximos meses. Enquanto isso, o trem-fantasma governista segue fadado ao fracasso nas eleições de outubro, agora sem a possibilidade de recorrer a alguma candidatura alternativa.

O que esperar do brasileiro na eleição de 2018?

O IBOPE divulgou ontem a pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira, que mediu algumas variáveis importantes para determinar o comportamento do eleitor brasileiro nas eleições de 2018. Os números são interessantes-alguns surpreendentes-e ajudam nas previsões quanto aos resultados da eleição.

Inicialmente, mediu-se o grau de otimismo dos eleitores quanto às eleições de 2018. A maioria, 44% se disse pessimista. Dentro desse grupo, os principais motivos apontados para o pessimismo foram: corrupção (o mais citado), falta de confiança no governo e candidatos e falta de opções para votar. Já 20% da população está otimista com a eleição e citou, como motivos principais: mudança/renovação, esperança no voto/participação popular e melhoria em geral. Também foram citados as possíveis vitórias de candidatos na eleição presidencial: Lula e Bolsonaro. Logo de cara, nota-se que o sentimento geral em relação às eleições é de mudança, ou seja, oposição.

A seguir, os entrevistados foram instados a traçar o perfil ideal do próximo Presidente. Eis as características mais desejadas: ser honesto, nunca ter se envolvido com corrupção, transmitir confiança, ter pulso firme e ser sério. Também é necessário conhecer os problemas do país, ter experiência em assuntos econômicos, ter boa formação educacional e boa relação com movimentos sociais. Além disso, 79% concordam em parte ou totalmente que é importante o próximo Presidente acreditar em Deus. Por fim, 72% dizem concordar em parte ou totalmente que é desejável ao candidato ter experiência como prefeito ou governador. Dessa gama de características, Bolsonaro é quem preenche a maior parte delas (peca na ausência de conhecimento econômico e na falta de experiência no Executivo). Geraldo Alckmin também se enquadra em boa parte delas, inclusive na parte da experiência, porém não é um candidato oposicionista.

Quanto às prioridades do mandato do próximo governante, a pesquisa traz dados surpreendentes. 84% dos brasileiros acham importante o próximo Presidente defender o controle de gastos públicos, superando os 72% que julgam importante defender as políticas sociais e os 78% que defendem a transparência administrativa. Esses dados mostram ser viável a agenda de reorganização do Estado, com privatizações e revisão de salários e aposentadorias do alto funcionalismo, com uma agenda de políticas sociais focalizadas. O brasileiro é “neoliberal” (por mais que essa palavra seja demonizada diuturnamente) e ainda não sabe. Para 44%, o foco do novo Presidente deve ser a melhoria de serviços públicos e redução da desigualdade social, já para 32% deve ser o combate à corrupção e punição de corruptos. Ou seja, além do discurso “neoliberal”, o candidato ideal deve ser capaz de promover um expurgo de corruptos, reforçando a importância da honestidade.

O IBOPE abriu a pesquisa para mostrar diferenças entre classes sociais e idades em algumas questões. Chama atenção que um candidato outsider contasse com maior apoio entre aqueles com ensino fundamental, variando de 50% a 55% a preferência por alguém de fora da política, do que um político tradicional. O dado mostra que o apresentador Luciano Huck, caso fosse candidato, teria imenso potencial de crescimento no núcleo duro do eleitorado lulista, que deverá ficar órfão do ex-presidente na eleição.

Por fim, a pesquisa trouxe um dado que contradiz algumas expectativas: o PT segue como partido com maior preferência nacional, com 19%. É um dado relevante, demonstrando que o partido terá força para eleger um bancada expressiva na Câmara dos Deputados (principalmente se alguns caciques locais abdicarem de disputar o Senado ou Governo do Estado, para concorrer à Câmara), mantendo-se como partido hegemônico na esquerda brasileira.

Em linhas gerais, a pesquisa confirma análise anterior deste blog e coloca Jair Bolsonaro como candidato fortíssimo nas eleições de outubro. Se houvesse uma intersecção de todas as principais características exigidas pelo eleitor, o deputado fluminense (mesmo que apenas na aparência), consegue se encaixar na maior parte delas. Deve agradecer a Luciano Huck, pois a candidatura do apresentador poderia tumultuar e mudar o cenário da eleição. Ao mesmo tempo, tudo indica que o PT é quem vai liderar a oposição num eventual governo Bolsonaro, fazendo uma bancada relevante no Congresso, a partir de sua preferência junto à população.

Porque Bolsonaro será eleito presidente em 2018

Ainda faltam mais de sete meses paras eleições gerais deste ano. Porém, com os últimos acontecimentos e o desenrolar do ano, é possível dizer com grau de certeza elevada: Jair Bolsonaro subirá a rampa do Palácio do Planalto e tomará posse como Presidente da República, no dia 01 de janeiro de 2019. Este texto pretende apresentar, de forma sucinta, as razões que nos levam a colocar o “mito” como grande favorito na próxima corrida presidencial.
Antes de tratarmos dos pormenores da eleição, faz-se necessário contextualizar o momento brasileiro. Passamos por uma grave crise econômica, que foi debelada faz pouco tempo, e estamos atravessando uma grave crise política e ética, com os grandes partidos e suas lideranças envolvidos em escândalos de corrupção. Na esteira disso, há uma crise social, com grande aumento da criminalidade, a olhos vistos em estados brasileiros, como Ceará e Rio de Janeiro. Também é traduzida no altíssimo número de homicídios registrados no ano de 2016: quase 62 mil, o país com mais homicídios no mundo.
Por outro lado, um dos pontos positivos é a grande quantidade de brasileiros com acesso à internet: 116 milhões, de acordo com o IBGE. Além disso, mesmo que ainda baixo em comparação a outros países, a quantidade de brasileiros com ensino superior cresceu e atingiu 15% no final de 2017, também segundo o IBGE. Seguimos na condição de país jovem, com quase metade da população tendo menos de 35 anos.
Isto posto, vamos ao cenário eleitoral. Bolsonaro será eleito por quatro fatores: a eleição ter viés oposicionista, ausência de candidatos viáveis, forte apelo por propostas de Segurança Pública e influência das redes sociais. Iniciamos nossa análise pelas investigações em relação à corrupção fulminaram a (já anêmica) confiança da população nos partidos políticos e estenderam uma rejeição generalizada às legendas. Lideranças, antes tidas como potenciais presidenciáveis, sumiram do mapa. Para complementar, o governo Temer é rejeitado por 70% da população, tendo menos de 5% de aprovação.
O único sobrevivente desse maremoto político era o ex-presidente Lula. Mesmo com inúmeros inquéritos, processos e condenação, ele se mantinha com mais de 30% das intenções de voto e batia todos os adversários no segundo turno, de acordo com as pesquisas. Mas suas ambições foram dinamitadas em janeiro, quando o TRF-4 confirmou sua condenação e o tornou inelegível. Sua prisão está prestes a ser decretada, visto que o STF não deve revisar a prisão após condenação em segunda instância tão cedo.
Com Lula fora do páreo e preso, o PT deverá abdicar de sua candidatura. E deverá lançar um candidato, sem se coligar com Ciro Gomes (PDT), por exemplo. Além deles, a oposição deverá contar com outras candidaturas, com todos buscando herdar o espólio de Lula. O eleitorado que votaria em Lula, o faria, principalmente, por um motivo: a esperança de que com o petista na Presidência, o Brasil voltaria a passar por momentos bons como em seus dois mandatos anteriores.
Os votos lulistas serão divididos entre os diversos candidatos oposicionistas, mas com a maior parte devendo migrar para Ciro. O cearense tem boa oratória, experiência política e um perfil autêntico, do tipo “fala o que pensa”, além de ter sua base eleitoral no Ceará, estado nordestino com visibilidade para o restante da região. Em uma eleição polarizada, como esta que se desenha, são características importantes, capazes de levar um candidato ao segundo turno. Mas insuficientes para elegê-lo no turno final.
A ex-senadora Marina Silva, que não é de campo nenhum, mas é de todos ao mesmo tempo tende a não conseguir passar ao turno final mais uma vez. O motivo é simples: Marina tenta fugir da polarização, mas a polarização domina o ambiente eleitoral. Sendo assim, ela não consegue conquistar nem governistas nem oposicionistas, e agora nem mais o voto de protesto. Deve permanecer em um patamar entre 10 % e 15%, como indicam as pesquisas, com seus eleitores se dividindo no turno final.
Já no campo governista, nenhum dos nomes se mostra viável nas pesquisas pelos motivos já elencados: corrupção e associação com Temer. Alckmin, Meirelles, Dória, Rodrigo Maia e o próprio Temer não conseguem decolar nas pesquisas. É praticamente impossível um governo tão impopular ganhar terreno em ano eleitoral a ponto de viabilizar uma candidatura, ainda mais com a recuperação econômica patinando. Temer funcionará como uma âncora para os candidatos desse espectro político.

Estável, governo de Michel Temer é reprovado por 70% dos brasileiros
O único com viabilidade para concorrer por este campo seria Luciano Huck. O global teria condições de formar uma aliança de partidos em torno de sua candidatura, sendo bastante conhecido e um outsider da política. Poderia, inclusive, herdar parte razoável dos votos de Lula, daqueles eleitores mais pobres, que aprovam os quadros assistenciais de seu programa televisivo. Porém, o apresentador negou a empreitada.
Desta forma, o espaço do governista deverá ser ocupado por um “oposicionista”: Jair Bolsonaro. O deputado já lidera as pesquisas quando Lula está fora do páreo e herda parte dos votos do ex-presidente. Ele também é o favorito de eleitores mais escolarizados, um sinal de que o eleitorado tradicional do PSDB está migrando de candidatura. Tem forte discurso em relação à Segurança Pública, defendendo pautas que tem amplo apoio popular, como a redução da maioridade penal e a pena de morte. Apesar de estar há 26 anos no Congresso, é visto como um outsider, por não aparecer em escândalos de corrupção. Também é um fenômeno de redes sociais, com maior número de seguidores entre os postulantes à Presidência.

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Mesmo sem tempo de TV e fortes alianças regionais, Bolsonaro compensa com o forte engajamento de sua militância na Internet. Pesquisa do IBOPE publicada em 2017 apontou que, para 56% dos eleitores, as redes sociais terão influência decisiva no voto. Além disso, o candidato adotou uma plataforma liberal na economia, o que deve fazer setores do mercado apoiarem sua candidatura num eventual segundo turno com Ciro Gomes. Há maior espaço para defender ideias liberais, sobretudo em um momento em que boa parte das estatais estão no centro de escândalos e a população anseia por uma redução na carga tributária.
Bolsonaro deve vencer o 1º turno, com Ciro Gomes no segundo lugar. No turno final, Ciro deverá reunir quase todos os votos de candidatos oposicionistas, enquanto Bolsonaro vai herdar a maior parte de votos dos candidatos governistas, pelos motivos já expostos, mesmo que estes não venham a apoiá-lo. O placar do segundo turno será apertado, no mesmo estilo de 2014. Mas, no frigir dos ovos, o programa liberal na economia e conservador nos costumes será o mix perfeito do ex-capitão do exército para conquistar o eleitorado.